"Maximilian não acreditava de maneira alguma que o povo alemão fora impelido à desgraça; antes, a seu ver, o próprio povo se recriara da cabeça aos pés nessa forma perversa, gerada pelos sonhos de cada indivíduo e pelos sentimentos cultivados em família, e então produzira, como expoentes simbólicos dos seus desejos mais íntimos, os chefões nazistas"
Há que se prestar atenção a esse trecho do livro "Austerlitz" de W.G. Sebald. Antes de procurar saber quem veio primeiro, numa busca metafísica alienante, é bom perceber o detalhe da história contada: "desejos mais íntimos". Não uma relação de sedução: Estado sedutor e povo seduzido; antes, indivíduos que desejam intimamente algo e se redescrevem a tal ponto de ajudarem ou terem, numa relação íntima, papel decisivo no engendramento de um Estado Nazista ou, de qualquer modo, para ampliar o dito, criação de um estado qualquer fundado na violência.
"Austerlitz" de W.G. Sebald. Ed.: Companhia das Letras.
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"Austerlitz" de W.G. Sebald. Ed.: Companhia das Letras.
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