Texto extraído do "Dicionário de Psicanálise" publicado por Elisabeth Roudinesco e Michel Plon. Coloquei alguns comentários entre colchetes por entender que certos comentários são achados em outras fontes de forma diferenciada e, que outros ainda, reduzem ou fecham certa passagem..
"Nascido em Villeneuve-les-Sablons, [foi, por aproximadamente 7 anos,] membro da École Freudienne de Paris e analisado por Jacques Lacan. Félix Guattari pertencia à quarta geração psicanalítica francesa. Engajado na esquerda, militante anticolonialista, principalmente durante a guerra da Argélia, fundador da revista Recherches e de diversas associações de contestação da ordem psiquiátrica oficial, ecologista e grande viajante a serviço de todas as formas de tolerância, combateu durante muitos anos pelos mais belos valores do engajamento libertário no coração do lacanismo dos anos 1970 [não somente combateu pelos mais belos valores no coração do lacanismo.], já ameaçado de dogmatismo [poderíamos estar dizendo que a formulação de Lacan e o "lacanismo", que surge quase imediatamente ao seu redor (não só em 1970), são, em essência, "dogmáticos".]. Psicólogo de formação [segundo Baremblicht Guattari não fez formação tradicional. Foi, isso sim, psicanalista.], participou da história do movimento psicanalítico de três maneiras: como psicanalista lacaniano, como terapeuta ligado à experiência da psicoterapia institucional realizada na Clínica de La Borde, em Cour-Cheverny, sob a direção Jean Oury, e enfim como co-autor de várias obras escritas com o filósofo Gilles Deleuze, entre as quais O anti-Édipo, que foi, em 1972, o verdadeiro manifesto de uma antipsiquiatria à francesa [mas não só.] e teve um estrondoso sucesso.
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Os dois autores criticavam o edipianismo freudiano que, em sua opinião, encerrava a libido plural da loucura em um quadro excessivamente estreito, de tipo familiar. Para sair desse impasse "estrutural", eles se propunham a traduzir a polivalência do desejo humano em uma conceitualidade adequada. Daí a idéia de opor à psicanálise freudiana e lacaniana, articulada em torno da prioridade do Édipo e do significante, uma psiquiatria materialista [só? não.] fundada na "esquizo-análise", isto é, na possível liberação dos fluxos desejantes. Nascido de um ensino oral dado por Gilles Deleuze na Universidade de Paris-VII e de uma escrita a dois, O anti-Édipo tomava assim como algo maior o conformismo psicanalítico de todas as tendências, anunciando com vigor um esgotamento trágico do lacanismo dos últimos tempos [não só dos últimos tempos, mas também.]."
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