7 de mai. de 2008

Sobre Félix Guattari

Texto extraído do "Dicionário de Psicanálise" publicado por Elisabeth Roudinesco e Michel Plon. Coloquei alguns comentários entre colchetes por entender que certos comentários são achados em outras fontes de forma diferenciada e, que outros ainda, reduzem ou fecham certa passagem.
.
"Nascido em Villeneuve-les-Sablons, [foi, por aproximadamente 7 anos,] membro da École Freudienne de Paris e analisado por Jacques Lacan. Félix Guattari pertencia à quarta geração psicanalítica francesa. Engajado na esquerda, militante anticolonialista, principalmente durante a guerra da Argélia, fundador da revista Recherches e de diversas associações de contestação da ordem psiquiátrica oficial, ecologista e grande viajante a serviço de todas as formas de tolerância, combateu durante muitos anos pelos mais belos valores do engajamento libertário no coração do lacanismo dos anos 1970 [não somente combateu pelos mais belos valores no coração do lacanismo.], já ameaçado de dogmatismo [poderíamos estar dizendo que a formulação de Lacan e o "lacanismo", que surge quase imediatamente ao seu redor (não só em 1970), são, em essência, "dogmáticos".]. Psicólogo de formação [segundo Baremblicht Guattari não fez formação tradicional. Foi, isso sim, psicanalista.], participou da história do movimento psicanalítico de três maneiras: como psicanalista lacaniano, como terapeuta ligado à experiência da psicoterapia institucional realizada na Clínica de La Borde, em Cour-Cheverny, sob a direção Jean Oury, e enfim como co-autor de várias obras escritas com o filósofo Gilles Deleuze, entre as quais O anti-Édipo, que foi, em 1972, o verdadeiro manifesto de uma antipsiquiatria à francesa [mas não só.] e teve um estrondoso sucesso.
.
Os dois autores criticavam o edipianismo freudiano que, em sua opinião, encerrava a libido plural da loucura em um quadro excessivamente estreito, de tipo familiar. Para sair desse impasse "estrutural", eles se propunham a traduzir a polivalência do desejo humano em uma conceitualidade adequada. Daí a idéia de opor à psicanálise freudiana e lacaniana, articulada em torno da prioridade do Édipo e do significante, uma psiquiatria materialista [só? não.] fundada na "esquizo-análise", isto é, na possível liberação dos fluxos desejantes. Nascido de um ensino oral dado por Gilles Deleuze na Universidade de Paris-VII e de uma escrita a dois, O anti-Édipo tomava assim como algo maior o conformismo psicanalítico de todas as tendências, anunciando com vigor um esgotamento trágico do lacanismo dos últimos tempos [não só dos últimos tempos, mas também.]."
.

Nenhum comentário: